Somos todos um

Nos últimos dias um assunto tem invadido as páginas de jornais, da Internet, de telejornais: é o kit escola sem homofobia, para ser distribuído e trabalhado nas escolas. O tema tem gerado discussões e debates, principalmente no Congresso Nacional.

Tanto pelos contras como pelos favoráveis, acredito que o tema tem sido banalizado.

Penso que as diferenças devem ser trabalhadas com respeito à liberdade de expressão, credo, cor, opção de vida enfim. Não há a necessidade de nenhuma classe, grupo ou segmento fazer apologia a seja lá o que for; o que deve ser compreendido é que o direito de um acaba quando começa o do outro.

Não somos obrigados a concordar com nada ou seguir ninguém; somos, sim, obrigados a respeitar as diferenças.

Se alguém deseja direcionar a vida por um caminho - credo, opção de vida - não há a necessidade de espandir de forma vulgar esse desejo, basta que viva de acordo com o que se pensa.

Se, também, alguém não concorda com alguma forma de vida, de pensamento, de ação, basta que respeite e não ofenda.

Liberdade e Respeito: são essas as duas ações que devem ser praticadas!

Um poema de Carlos Drummond de Andrade nos dá a esperança de uma convivência pacífica, em que exista apenas uma forma de viver, um só jeito de viver: a liberdade e o respeito.

CIDADE PREVISTA

Irmãos, cantai esse mundo

que não verei, mas virá

um dia, dentro de mil anos,

talvez mais... não tenho pressa.

Um mundo enfim ordenado,

uma pátria sem fronteiras,

sem leis e regulamentos,

uma terra sem bandeiras,

sem igrejas nem quartéis,

sem dor, sem febre, sem ouro,

um jeito só de viver,

mas nesse jeito a variedade,

a multiplicidade toda

que há dentro de cada um.

Uma cidade sem portas,

de casas sem armadilha,

um país de riso e glória

como nunca houve nenhum.

Este país não é meu

nem vosso ainda, poetas.

Mas ele será um dia

o país de todo o homem.