quinta-feira, 21 de abril de 2011

Assunto para refletirmos


Nos dias 19 e 20 do corrente mês estive em Salvador participando de um pequeno seminário promovido pela editora SM sobre o tema Professor protagonista, o desafio de ensinar para a vida, ministrado pelo professor Dr. Luca Rischbieter. A ocasião permitiu a participação de professores dos estados da Bahia e Sergipe.
Fazendo uma abordagem baseada em 07 protagonismos juvenis que o professor poderia seguir, o evento, direcionado para professores que trabalham com o ensino médio, foi bastante enriquecedor e proveitoso. Por um lado trouxe protagonismos polêmicos, como o professor não ter medo de novas tecnologias (celular), por outro, se não trouxe novas ideias, trouxe ao menos a referência de um trabalho que alguns professores  já protagonizam em sala de aula, como o professor que abre mão de ser o centro das atenções e promove situações de aprendizagem mutua entre professor/aluno.
Mas o que quero chamar a atenção aqui é para o comportamento de alguns "educadores". Na volta dessa viagem fiquei observando as atitudes de boa parte dos professores envolvidos nesse seminário e ruminando alguns pontos, principalmente fazendo um paralelo entre uma reportagem que li sobre a educação em alguns países, onde esta vai bem, e em nosso país.
A receita do sucesso nos países onde os alunos recebem os melhores resultados nos testes padronizados internacionais, como o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), está no aumento do salário e na oferta sistemática e estruturada de treinamento profissional dos professores. Em Cingapura, por exemplo, que ocupa a segunda posição no ranking de matemática do Pisa, os professores começam a ensinar pelo mesmo salário de um engenheiro contratado pelo governo - cerca de US$ 2.500,00 por mês.
Voltando para o paralelo ao qual me referi, alguns pontos: chamou-me a atenção a total falta de interesse pelo evento em si, ou seja, comentando com um colega percebemos que em momento algum da viagem o seminário foi abordado ou questionado, ficando esse tempo todo dispónível para abordagens totalmente fúteis e até vulgares em algumas situações, parecendo um ônibus repleto de inócuos e pessoas que não têm nenhum compromisso com a educação.
Aqui entra o paralelo; nas minhas vagações da viagem fiquei a comparar o tipo de educador que tem nesses países (onde a educação vai bem) e no Brasil (não são todos). Observando o comportamento de alguns "educadores" e lembrando de algumas situações vivenciadas no cotidiano escolar, fiquei a me perguntar: será  que as atitudes de valorização salarial e formação continuada do professor seriam suficientes para melhorar a qualidade de nossa educação?
É claro que tais atitudes são necessárias, mas minha resposta é não. Não acredito que esses dois pontos seriam suficientes para melhorar a qualidade da nossa educação. O professor que ganha, por exemplo, R$ 950,00 e é relapso ou irrresponsável com seus compromissos educacionais e passa a ganhar R$ 5.000,00 vai continuar a ser relapso e irresponsável, porque essas características são de consciência íntima, de caráter mesmo.
Outro ponto é a formação continuada: vejo alguns cursos sendo oferecidos pelo Estado ou pelos municípios (não o suficiente), mas recusados por boa parte dos professores com a justificativa de que não tem tempo ou de que "tô pensando em me aposentar", dentre outros. E o aluno que não está pensando em se aposenar e está com muita energia como fica?
O comportamento de nossos alunos é reflexo, dentre outros, de nossas atitudes e comportamento em sala de aula.
Assunto para refletirmos!

2 comentários:

José Sousa disse...

Querido amigo!
Muito bom este texto, e tem mesmo caso para refectir!
Sabia que tenho uma grande admiração pelos professores! São pessoas que dedicam suas vidas ao ensinamento de outros. Eu adoraria ser um professor de fisica.

Um grande abraço e bela Páscoa.

tecas disse...

Uma bela crónica que dá para refletir. Perdem-se valores cada vez mais e tudo que seja para elevar o ser humano, nas suas atitudes, devia ser uma lei universal.
Bem haja professor João Mendonça, pelos seus excelentes textos.
Saudações poéticas